sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Sobre Eduardo Campos

Lá se foi Eduardo Campos e com ele talvez tenha ido também um pouco da idéia de que o Brasil tem jeito. Embora fosse economista de formação, Eduardo fez da…

Lá se foi Eduardo Campos e com ele talvez tenha ido também um pouco da idéia de que o Brasil tem jeito.

Embora fosse economista de formação, Eduardo fez da política a sua profissão e o fez de forma retilínea, tanto que, no decorrer da sua carreira, exercendo os cargos de Deputado Estadual ou Federal, Secretário de Estado, Ministro ou Governador, nunca se ouviu dizer que estivesse metido em falcatruas ou escândalos, de forma que ninguém pode negar que ele se foi de maneira proba.

Embora fosse ainda um ilustre desconhecido para boa parte do eleitorado, já que mais de 40% dos brasileiros admitiram nunca ter ouvido falar no seu nome, de acordo com uma pesquisa divulgada no mês passado, Campos havia encarado o desafio de se apresentar como uma alternativa viável à polarização entre PT e PSDB nos últimos anos e era, no momento, a única opção para acabar com a hegemonia tucano-petista. Mesmo aqueles que não votariam nele, e me incluo nesse grupo, sentiram sua morte precoce.

Muito embora as pesquisas não indicassem a probabilidade de vencer as eleições atuais, sua trajetória indicava um líder emergente e sua morte prematura causou um mal ainda maior. Num primeiro momento, Eduardo Campos levou consigo a esperança de mudar a forma de fazer política. Não que a morte sirva para canonizá-lo, mas sua ausência deixa um enorme vazio para aqueles que ainda conseguem enxergar a política com ética e a necessidade do diálogo constante.

Nos tempos modernos, ele conseguia aliar idéias que harmonizavam o desenvolvimento econômico com as questões ambientais, muitas delas cristalizadas no período em que foi Ministro da Ciência e Tecnologia.
Depois da morte abrupta e surpreendente de Luis Eduardo Magalhães, que ponteava no início da década de 1990 uma nova geração ascendente na política, decorreram mais de vinte anos para que fossem catalizados em Eduardo Campos os anseios da geração que veio ao mundo após o golpe militar de 1964.

Sua morte foi uma verdadeira tragédia, a entristecer não somente a política, mas principalmente a democracia brasileira, nos deixando uma única certeza: que a vida é breve e que a qualquer momento podemos partir.

Henri Dias é advogado em Fernandópolis (henri@adv.oabsp.org.br)

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