A vida de ostentação não é limitada aos funkeiros paulistanos e aos “reis do camarote”. Devido ao alto valor do iPhone, muitos alugam apenas para impressionar em baladas.
Marco Aurélio Constantine, de 28 anos, ficou famoso nas redes sociais após publicar um anúncio inusitado em um grupo de trocas e vendas no Facebook: o editor de imagens aluga iPhones para as pessoas “curtirem a balada” tirando onda com o smartphone da Apple em Natal, no Rio Grande do Norte.
Segundo a publicação, a primeira impressão sempre será a que ficará. Rapidamente, a mensagem foi compartilhada em outras redes sociais, como o Instagram, e em grupos de mensagens no WhatsApp. O post foi tirado do ar pelos administradores do grupo, que pensaram se tratar de uma brincadeira. Mas ficou visível tempo suficiente para render comentários sarcásticos e até novos clientes:
— O pessoal entendeu como piada, mas era verdade. As pessoas alugam para passar o domingo no shopping, quando vão sair com alguém ou vão para a balada. Eles tiram muitas fotos, nesses locais e na academia, principalmente em frente ao espelho e sem a capinha, para mostrarem que realmente é um iPhone, e postam nas redes sociais — explica Marco.
Ele tem três aparelhos na cor prata, apenas para alugar:
— A procura é maior por ele, porque a cor preta pode ser confundida com aparelhos de outras marcas. Passei a alugar por R$ 100, e o cliente fica com o iPhone 5 por 24 horas. Eles pagam metade na hora que pegam o aparelho e a outra metade na devolução.
Em alguns eventos, como shows sertanejos, a procura é tão grande que ele aluga até mesmo o seu próprio iPhone, do modelo 5s dourado, com uma diária mais cara: R$ 170.
— O pessoal é muito vaidoso e quer tirar onda. Funciona como um aluguel de carro, mas é melhor ainda, porque não tem placa diferente nem nada que as pessoas percebam que é um item alugado. Nem sempre as pessoas podem comprar um iPhone, então preferem pagar R$ 100 para terem um dia de luxo e curtirem como se fossem delas. É uma fantasia.
Marco costuma alugar os aparelhos desde maio e tem clientes fixos, como três rapazes e uma jovem. Segundo ele, o retorno financeiro é muito positivo:
— Com o dinheiro que ganhei com isso, vou poder comprar um iPhone 6 quando for lançado no Brasil. A minha família não sabe que faço isso, mas meus amigos sabem e virei alvo de brincadeiras. Eles dizem que sou o “prostituto da tecnologia”. Tem público para tudo. Acho que se resolvesse alugar até cuecas, principalmente aquelas que aparecem a marca em cima da calça, ia ter gente interessada — brinca Marco.
Ele acredita que o sucesso não seria tão grande se apostasse em outras marcas de celulares:
— O iPhone fica mais em evidência, é usado por artistas. Fora isso, os brasileiros adoram imitar os americanos. Muitos não têm condições financeiras de comprar um iPhone e caem nessa tentação do aluguel.
Marco afirma que a maioria dos clientes é jovem, na faixa de 18 a 25 anos de idade:
— Os homens alugam mais do que as mulheres, acham que vão parecer mais descolados.