sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Doses homeopáticas

Não bastasse os aumentos represados durante todo o ano em razão do período eleitoral, já começaram os rumores de “cortes seletivos” no fornecimento de energia elétrica nos meses de janeiro…

Não bastasse os aumentos represados durante todo o ano em razão do período eleitoral, já começaram os rumores de “cortes seletivos” no fornecimento de energia elétrica nos meses de janeiro e fevereiro, quando há um grande aumento no consumo, no pico do verão. No caso, “corte seletivo” é um nome mais pomposo que os nossos governantes dão àquilo que popularmente chamamos de “apagão”.

A medida que se prenuncia seria igual, ou ao menos parecida, com aquela adotada pelo governo FHC em 2001, e só seria evitada caso ocorra um período chuvoso o suficiente para garantir que os nossos reservatórios atinjam um nível satisfatório.

Então, rezemos a São Pedro e façamos a nossa parte, adotando medidas para diminuir o consumo, enquanto nossas autoridades patinam nas suas obrigações, deixando de financiar estudos e tecnologias para promover o desenvolvimento sustentável, parecendo não acreditar que a água está se tornando escassa e as secas provocam tragédias, tanto nas cidades quanto na agricultura e indústria.

A verdade é que estamos vivendo uma crise energética e não nos resta outra alternativa senão economizar ou então correr o risco de ficar no escuro. Pese as muitas críticas sobre o apagão e a racionalização da energia em nosso país, isso será inevitável, pois, devido à falta de chuvas, o aumento no consumo de energia e principalmente a falta de investimentos nas hidrelétricas, o país está á beira de um caos.

O primeiro passo para resolver um problema é reconhecer que ele existe. Se o próprio governo não reconhecer que o país passa por uma grave crise energética, não será possível reverter esse quadro.

É óbvio que a população fique revoltada com a situação, mas nossas reservas se foram, não é somente um joguinho político. O que não podemos é deixar que nossos governantes continuem a agir como se nada de mais grave estivesse ocorrendo, como se tudo estivesse sob controle, quando é sabido que não está.
Enquanto eles não se conscientizam, só nos resta esperar que chova e que nós repensemos o que foi feito até agora para que o Brasil atingisse esse patamar. Talvez assim seja possível evitar catástrofes ainda mais graves que um simples apagão.

Com todo esse cenário assustador que se vislumbra, o governo federal abriu a porteira e devagar, devagarinho, começa a temporada de aumento de preços, como, aliás, já era esperado. Em doses homeopáticas, como diriam os entendidos. Primeiro, foi a energia elétrica, depois a taxa de juros e agora os combustíveis é que sofrerão aumento de preços. Em comum, a alegação da necessidade de recomposição das contas públicas. Até quando?

Henri Dias é advogado em Fernandópolis (henri@adv.oabsp.org.br)

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