domingo, 22 de setembro de 2024
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Banco oferece até Mercedes de brinde para atrair correntistas

Os bancos chineses, desesperados para atrair correntistas que estão encontrando alternativas para suas economias, estão recorrendo a brindes. E esqueça as torradeiras e liquidificadores. Uma agência de Pequim oferece como…

Os bancos chineses, desesperados para atrair correntistas que estão encontrando alternativas para suas economias, estão recorrendo a brindes. E esqueça as torradeiras e liquidificadores. Uma agência de Pequim oferece como oferta um iPhone 6 Plus ou um carro Mercedes-Benz.

Mas não é só. Descontos, viagens ao exterior, taxas de juros com o maior prêmio já registrado sobre a taxa oficial de referência, e até mesmo verduras, são alguns dos outros brindes que os bancos estão oferecendo para fazer com que os poupadores chineses depositem seus yuan em contas de poupança. A concorrência é cara.

— Os bancos chineses estão provocando uma hemorragia em seus próprios depósitos — disse Rainy Yuan, analista da corretora Masterlink Securities Corp. em Xangai. — Não há solução para isso. Todos os esforços deles para reconquistar os poupadores só vão aumentar os custos, portanto a batalha já está perdida.

Retornos mais altos de fundos de internet e produtos de investimento como fideicomissos, combinados com o potencial de um mercado acionário em crescimento, fizeram com que os bancos chineses sentissem o escoamento. Eles perderam 950 bilhões de yuan (US$ 154 bilhões) em depósitos nos três meses finalizados em setembro, a primeira queda trimestral desde 1999. Nos primeiros 11 meses do ano, os novos depósitos foram 23% menores do que no mesmo período do ano passado, mostram dados do Banco Popular da China.

A promoção do iPhone, oferecida pelo Ping An Bank, com sede em Shenzhen, em uma agência de Pequim, oferecia um iPhone 6 Plus de 128 gigabytes em lugar dos pagamentos de juros por depositar 38.000 yuans durante cinco anos. Por depositar 930.000 yuans no mesmo período, os poupadores podiam escolher um entre quatro modelos da Mercedes-Benz. Um Mercedes A180, que custa 252.000 yuans, daria aos investidores o equivalente a um retorno anualizado de quase 7%, em comparação com a taxa de referência de 4% para depósitos de cinco anos.

FUNDOS ON-LINE

Os investidores da China vêm colocando dinheiro em fundos on-line do mercado monetário oferecidos por empresas como a Alibaba Group Holding e a Baidu. Yu’E Bao, um dos primeiros fundos, criado no ano passado pela Alipay, afiliada da Alibaba, atraiu 535 bilhões de yuans nos seus primeiros 15 meses de existência com 149 milhões de clientes, mais do que as populações de França e Reino Unido juntas. Os usuários só precisam apertar alguns botões no celular para garantir uma taxa de retorno anual que chegou até a 6,8% antes de cair para cerca de 4% recentemente.

A alta vertiginosa de 43% do Shanghai Composite Index nos últimos seis meses também está levando os poupadores para as ações. Na primeira semana de dezembro, os investidores chineses abriram quase 600 mil contas de operação de ações, um crescimento de 62% frente à semana anterior, segundo a China Securities Depository and Clearing Co.

O presidente do Banco Central, Zhou Xiaochuan, prometeu em março desregulamentar completamente as taxas de juros em um ou dois anos. As iniciativas para este objetivo estão corroendo a base de depósitos baratos que durante décadas ajudou a apoiar os lucros dos bancos chineses. As taxas estabelecidas pelo governo criaram um diferencial de cerca de três pontos porcentuais entre as taxas de poupança e crédito. A taxa de crédito de referência a um ano foi reduzida para 5,6% em novembro.

Os credores regionais e de médio porte serão os mais afetados porque, ao contrário dos bancos controlados pelo Estado, eles não têm redes extensas de agências para atrair clientes varejistas e devem recorrer ao financiamento mais caro e volátil de produtos de gestão de riqueza, depósitos de empresas e empréstimos interbancários, disse Liao Qiang, diretor da Standard Poor’s em Pequim.

— Mas os bancos na China, comparados com os de quase qualquer outro lugar do mundo, têm sido excepcionalmente lucrativos durante tanto tempo que, mesmo se as margens deles fossem reduzidas à metade, não seria o fim do mundo — disse Liao. — Isso iria obrigá-los a mudar o modelo de crescimento.

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