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Dólar cai no último pregão, mas avança 12% em 2014; Bolsa perde

Mesmo com a constante atuação do Banco Central, o dólar fechou 2014 em alta de 12% sobre o real, na sua quarta valorização anual consecutiva. A queda de mais de…

Mesmo com a constante atuação do Banco Central, o dólar fechou 2014 em alta de 12% sobre o real, na sua quarta valorização anual consecutiva.

A queda de mais de 1% no último pregão do ano amenizou o avanço acumulado da divisa em 12 meses, mas a avaliação de operadores é que a moeda americana deve continuar em alta, na esteira da perspectiva de elevação dos juros nos Estados Unidos e da redução gradual da presença da autoridade monetária brasileira no câmbio.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou esta terça-feira (30) em queda de 2,06% sobre o real, cotado em R$ 2,678 na venda. No ano, houve valorização de 12,17% –apenas em dezembro a moeda americana avançou 2,89%.

Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 1,69% no dia, mas subiu 14,89% no ano e 5,29% no último mês de 2014, para R$ 2,662.

Os últimos indicadores econômicos dos EUA têm reforçado a percepção de que a recuperação americana segue forte, apesar do fraco crescimento de outras economias importantes, pavimentando o caminho para uma alta dos juros que pode atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em países como o Brasil.

No quadro interno, a expectativa é que o BC reduza gradualmente sua atuação no mercado de câmbio, embora deva continuar atuando diariamente no primeiro semestre de 2015.

O BC tem intervindo diariamente no câmbio desde agosto de 2013, justamente quando o Federal Reserve, banco central dos EUA, começou a sinalizar que pretendia reduzir seu programa de estímulos monetários.

Na época, a oferta diária era de 10 mil contratos de swaps cambiais (operação que equivale a uma venda futura de dólares) e o programa incluía também leilões semanais de venda de dólares com compromisso de recompra, os chamados leilões de linha.

Em 2014, o BC reduziu sua presença no mercado, eliminando os leilões de linha e passando a ofertar diariamente 4 mil swaps. Entre os agentes financeiros, a expectativa é que, agora, o BC reduza as ofertas diárias de swap e calibre as rolagens de swaps para garantir que o estoque desses contratos não cresça muito.

Nesta terça, o Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 4.000 contratos de swap cambial, pelo total de US$ 195,1 milhões.

AÇÕES

Na renda variável, o principal índice da Bolsa brasileira fechou 2014 com nova perda anual –a segunda consecutiva. O Ibovespa caiu 1,16% nesta terça, para 50.007 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,439 bilhões –abaixo da média diária no ano, de R$ 7,3 bilhões, segundo dados da BM&FBovespa. Em 12 meses, o índice recuou 2,91%.

A baixa quantidade de negócios reflete o feriado de Ano Novo, que manterá a BM&FBovespa fechada nesta quarta-feira (31) e em 1º de janeiro de 2015.

Nem mesmo o forte ingresso de capital externo foi suficiente para impedir a queda anual da Bolsa. No ano até 26 de dezembro, dado mais recente disponível, o fluxo de estrangeiros no mercado à vista estava positivo em quase R$ 20 bilhões.

A queda das ações preferenciais da Petrobras, sem direito a voto, ajudaram a derrubar o Ibovespa. Esses papéis perderam 2,53% nesta terça e 41,33% no ano. A estatal está envolvida em uma série de denúncias de corrupção que a impediram de divulgar seu balanço referente ao terceiro trimestre de 2014, além de sofrer com a forte desvalorização do petróleo no exterior.

As atenções futuras, dizem analistas, se concentrarão nas medidas adotadas pela nova equipe econômica de Dilma Rousseff (PT) e os desdobramentos da operação Lava Jato da Polícia Federal envolvendo a Petrobras.

“Tivemos muitas notícias ruins em 2014. Não dá para dizer que isso já está precificado e que, se o cenário piorar, não haverá mais queda na Bolsa ou alta no dólar. Mas qualquer sinalização positiva de que as medidas tomadas surtirão o efeito esperado já pode ser um driver favorável para os mercados”, avaliou Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.

As recentes mudanças anunciadas pelo governo ajudam, como regras mais rígidas que devem reduzir o pagamento de benefícios como pensão por morte, auxílio-doença, abono salarial, seguro-desemprego e seguro defeso, segundo Eduardo Velho, economista-chefe da gestora Invx Global Partners.

“Isso já deveria ter sido feito há tempos. Parece que a nova equipe vai tentar reduzir um pouco suas despesas no longo prazo. Isso é bom para evitar o rebaixamento de rating do país, mesmo com aumento nos juros e piora na dívida pública em 2015.”

Nesta terça, além da Petrobras, o desempenho do Ibovespa foi prejudicado também pela queda de papéis de empresas de educação, com destaque para Kroton (-6,51%), após o governo estabelecer exigências adicionais à liberação de empréstimos no âmbito do Fies, programa para o financiamento de estudantes do ensino superior.

Já a Cielo esteve entre os contrapesos positivos do dia, com alta de 2,36%. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou, sem restrições, acordo entre a companhia e o Banco do Brasil para uma joint venture dos negócios com cartões das duas instituições.

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