domingo, 22 de setembro de 2024
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Remessa de estrangeiros ao Brasil tem maior alta em 7 anos

Apesar dos sinais de fraqueza da economia brasileira no ano passado, os valores enviados pelos imigrantes que vivem no país para seus familiares tiveram, em 2014, o maior avanço desde…

Apesar dos sinais de fraqueza da economia brasileira no ano passado, os valores enviados pelos imigrantes que vivem no país para seus familiares tiveram, em 2014, o maior avanço desde 2007 e superaram pela primeira vez a marca de US$ 1 bilhão.

O crescimento de 29%, para US$ 1,2 bilhão, deve-se em parte ao maior fluxo de estrangeiros no país –não só sul-americanos, mas também haitianos e africanos, em um movimento que ganhou força nesta década, com o Brasil ganhando destaque na economia global.

Um outro fator importante é que os sul-americanos, especialmente os bolivianos, estão enviando mais dinheiro para casa via instituições financeiras, e não por cartas ou amigos, por exemplo, como costumava ocorrer mais frequentemente.

Essa mudança tem um impacto significativo porque o Banco Central só mede as remessas que passam por canais oficiais e explica por que houve um crescimento forte em ano de PIB estagnado e em que o real se desvalorizou, em média, 9% ante o dólar (ou seja, era preciso mandar mais reais para obter o mesmo valor em dólar de 2013).

“Há cinco anos, grandes empresas começaram a entrar no mercado. Como elas usam a rede bancária da Bolívia, é mais seguro, rápido e tem maior alcance. O prazo para o envio é de minutos”, afirma Luis Vásquez, presidente da Associação de Empreendedores Bolivianos da Rua Coimbra, de São Paulo.

A costureira boliviana Délia Gonçalves, 29, que vive no Brasil há cinco anos, foi uma das que aproveitaram o aumento da competição nesse mercado, com queda nas taxas cobradas para o envio.

“Antes havia serviços irregulares para enviar o dinheiro, mas cobravam muito caro. Era preciso buscar na casa da pessoa que levou o dinheiro e pagar na hora de enviar e de receber, lá na Bolívia. Demorava entre duas semanas e dois meses. No banco, é só ir buscar na agência.”

Essa mudança também é sentida na Bolívia. Segundo os dados do banco central boliviano, o dinheiro vindo do Brasil representou, em 2014, 7,6% das remessas recebidas pelo país. Um ano antes, essa participação era de 4,5%.

No Equador e no Paraguai, ainda que a presença das remessas brasileiras não seja tão expressiva como na Bolívia, a participação também cresceu forte de 2013 para o ano passado.

HAITIANOS E AFRICANOS

A onda mais recente de imigração, de haitianos e africanos, também ajuda a explicar o aumento das remessas saídas do Brasil.

Sem muitas escolhas, eles optam por instituições com presença no mundo todo, como a Western Union.

“É difícil algum haitiano viajar para lá para levar dinheiro”, diz o haitiano Camelius Kenol, 35, que trabalha como pedreiro em São Paulo.

O senegalês Massar Sarr, 42, diz que o africano envia valores para pagar as despesas básicas da casa. “Normalmente moram todos juntos: mãe, pai, irmãos, sobrinhos. São famílias muito grandes. Mandam o que podem porque o salário é muito baixo.”

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