sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Até quando?

Embora o atual campeonato brasileiro esteja sendo considerado um dos mais equilibrados dos últimos anos, não há como negar que os estádios estão cada dia mais vazios. Além disso, todos…

Embora o atual campeonato brasileiro esteja sendo considerado um dos mais equilibrados dos últimos anos, não há como negar que os estádios estão cada dia mais vazios. Além disso, todos os principais clubes estão muito endividados e sem nenhuma perspectiva de saneamento financeiro, ao menos num futuro próximo.

A fase está tão ruim que a própria seleção brasileira vive uma má fase. Tão grande que até parece que foi perenizada depois do 7×1. Só para ter uma noção do seu atual desprestigio, a seleção jogou dois amistosos nos Estados Unidos, um num sábado à tarde, outro numa terça feira à noite. Também, pudera. O que esperar de uma seleção cujo principal dirigente não pode sequer sair do país, sob pena de ser preso ao entrar em qualquer lugar onde a sua seleção vá jogar?

Um dos principais problemas do futebol brasileiro é a ausência de público nos estádios. O público é a principal razão do esporte e do esportista. Não existe futebol sem público. Essa realidade vem se acentuando a cada ano, ainda que as novas arenas tenham ajudado Corinthians e Palmeiras a levar público bem acima da média dos demais times. Mesmo assim, é muito pouco, até porque os estádios “encolheram” nos últimos anos. Querem um exemplo disso? Era comum assistir jogos com cerca de 100 mil pessoas em diversos estádios pelo Brasil afora. Hoje, nenhum estádio brasileiro comporta 100 mil pessoas. Aliás, nem chegam perto disso e seria até um despropósito estádios gigantescos, se levarmos em conta que a média de público do campeonato brasileiro é de cerca de 13 mil pagantes.

Outras razões se acumulam: excesso de jogos (a maioria de péssima qualidade), violência nos estádios, a popularização dos campeonatos europeus, que são transmitidos feito enxurrada nos finais de semana, desde as primeiras horas da manhã de sábado, até o anoitecer do domingo, todos eles com estádios cheios, com campeonatos organizados e cheios de estrelas de primeira grandeza.

Não bastasse, o preço dos ingressos no Brasil é um acinte e as condições dos estádios (arquibancadas, banheiros, por exemplo) são de arrepiar os cabelos. Enfim, com tudo isso (e por outras tantas razões) penso que o sujeito tem que ser muito apaixonado para levantar do sofá, desligar o controle remoto e rumar para um estádio. Eu, às vezes, até me animo. Mas logo em seguida dá uma sensação esquisita e termino sentando de novo e ligando a tevê. Continuo gostando de futebol, porém, a pergunta que não quer calar é uma só: porque chegamos a esse ponto?

Henri Dias é advogado em Fernandópolis (henri@adv.oabsp.org.br)

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