sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Briga de tucano grande

Aqui em Fernandópolis, a grande notícia da semana foi a movimentação tucana. No sábado, o diretório do partido se reuniu. Na pauta, as eleições municipais e a reunião contou com…

Aqui em Fernandópolis, a grande notícia da semana foi a movimentação tucana. No sábado, o diretório do partido se reuniu. Na pauta, as eleições municipais e a reunião contou com a presença do ex-deputado Júlio Semeghini. Nos dias seguintes, as rodinhas de conversas e as manchetes dos sites e jornais mostravam unidade de seus integrantes. Baroni, Ortunho, Maiza, Flavia Resende e Paulinho Okuma foram oficializados como pré-candidatos a prefeito. Okuma é a cereja do bolo, mas sua relutância em ser candidato deixa os nervos tucanos à flor da pele, daí a razão do apontamento dos outros nomes. Não é nada, não é nada, a impressão que dava era de que a carruagem tucana finalmente iria andar. E não é que andou mesmo? Só que, infelizmente, não da forma como os seus líderes tinham imaginado.

Na segunda feira, quando nas padarias ainda repercutia a reunião de sábado, logo nas primeiras horas da manhã, uma notícia caiu como uma verdadeira bomba. Flavia Resende, diretora da DRADS, o mais importante órgão político do governo estadual na região e que é sediado em Fernandópolis, havia sido exonerada pelo governador. Em seu lugar, outra mulher, porém, para surpresa de muitos, a sucessora era de Votuporanga e havia sido indicada pelo deputado estadual Carlão Pignatari. Como se tivesse acendido um rastilho de pólvora, a confirmação da notícia reacendeu as discussões bairristas. Carlão mineiramente negou, dizendo que a decisão havia sido do secretário estadual, Floriano Pesaro. Fora o “disse que disse” e pese o inconformismo dos tucanos locais, não vi nada de estranho na decisão, tampouco fui surpreendido por ela. Vou explicar.

Primeiro, porque já era esperada essa troca de comando, pois todo mundo sabe que a ex-diretora é umbilicalmente ligada a Gilmar Gimenes, o qual, por sua vez, aproveitando o prazo da janela da infidelidade, deixou o ninho tucano. Portanto, como o cargo é de confiança do governador, seria natural que os indicados de Gimenes fossem exonerados de seus cargos. Segundo, porque era plenamente previsível que Carlão Pignatari ocupasse o espaço aberto com a ausência de Semeghini e a saída de Gimenes do ninho tucano. Queiram ou não seus detratores, Carlão é o grande nome tucano na região, nesse momento. Além de líder da bancada tucana na Assembleia, o votuporanguense ficou com o espaço regional totalmente livre para suas aspirações.

É lógico que nosso orgulho ficou ferido. Porém, penso que talvez seja a hora de começar a mudar esse estado de coisas, até porque, pelo andar da carruagem, vem mais por aí. Nos bastidores da cidade das brisas suaves corre livremente a conversa de que o próximo passo seria levar definitivamente a DRADS para Votuporanga. Não bastasse, a próxima incursão de Carlão se daria pelas bandas do Poupatempo, outro lugar onde se encontram alojados antigos aliados de Gimenes e Semeghini. E assim por diante.

Não há como deixar de reconhecer que Carlão está no seu apogeu político e aceitem ou não, ele trabalhou (e muito) para isso. E teve paciência para esperar o momento certo de ocupar o espaço que por anos foi de Semeghini e parecia que seria ocupado por Gimenes, ao menos dentro do governo estadual. O resumo da ópera é que não adianta chorar o leite derramado. É hora de correr atrás do prejuízo. E unir nossas forças para a coisa não ficar ainda pior. Deixando de lado a emoção, a razão pede que talvez fosse o momento de tentar uma aproximação com Carlão, conscientizando todos, especialmente ele, de que a região ficaria mais forte se todos remassem esse barco para a mesma direção.

Henri Dias é advogado em Fernandópolis (henri@adv.oabsp.org.br)

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