sexta-feira, 20 de setembro de 2024
Pesquisar
Close this search box.

E agora, José?

O afastamento provisório da presidente Dilma Rousseff e a posse de Michel Temer como presidente interino devem marcar um novo ciclo na história do país. Assim como aconteceu em 1992…

O afastamento provisório da presidente Dilma Rousseff e a posse de Michel Temer como presidente interino devem marcar um novo ciclo na história do país.
Assim como aconteceu em 1992 com Fernando Collor, o impeachment de Dilma tende a renovar as esperanças da população em um governo que priorize a gestão da máquina pública dentro de preceitos republicanos, deixando de olhar tão somente para o aparelhamento estatal.
Sem querer ser pessimista, Temer assume um país com a economia em frangalhos. Se fosse uma empresa, o país estaria insolvente. No campo político, também há um enorme desgaste e ninguém acredita nos representantes que foram eleitos pela própria população. Resumindo, é a hora de “fechar para balanço”. Todos sabem que é preciso mudar o que vinha sendo feito, mas a grande questão será descobrir por onde começar essa mudança.
A redução de ministérios e o anuncio do corte de cargos em comissão podem não ter efeito nenhum na economia do país, mas tem um simbolismo enorme, mostrando para a população que os tempos de austeridade não ficarão restritos à senzala, mas atingirão também a casa grande. É lógico que isso é muito pouco para a gravidade da situação, mas é um começo bem “pé no chão”. O recado foi dado.
Embora sejam épocas distintas, o impeachment de Collor serve como um parâmetro para o nosso atual momento. À época, Itamar Franco cumpriu muito bem o papel que a ele foi confiado, de fazer a transição e substituir um governante apeado do poder por uma série de trapalhadas. Agora, caberá a Temer a mesma responsabilidade, substituir uma governante apeada do poder por uma série de pedaladas. A expectativa é saber se Michel Temer, assim como fez Itamar, terá a capacidade e a liderança necessárias para comandar as reformas estruturais de que o país tanto precisa.
Algumas questões deverão ser respondidas ao longo dos próximos meses. Será que Temer está disposto a enfrentar as reações adversas às suas iniciativas, sob o crivo de um Senado prestes a decidir se sua gestão será provisória ou definitiva? Será que ele saberá entender que está em suas mãos o poder de fazer o Brasil avançar? Enfim, será que ele está à altura do papel histórico que lhe foi destinado? Parafraseando o poeta, a pergunta que não quer calar é uma só: E agora, Michel?

Henri Dias é advogado em Fernandópolis (henri@adv.oabsp.org.br)

Notícias relacionadas