Dias quentes, mas nada parecido com o que vivemos com as últimas ondas de calor, e a continuação dos extremos. Ou seja, muita chuva no Sul e seca no Norte. Essa é a previsão dos órgãos de meteorologia para dezembro.
🔥 O El Niño muito intenso ferveu a Terra e, ao que tudo indica, 2023 pode terminar com o ano mais quente da história. Segundo os meteorologistas, o fenômeno deve atingir a sua máxima entre dezembro e janeiro, o que vai reforçar os extremos que vimos ao longo do ano.
Mas por que no verão os dias não terão o calor intenso que vimos nos últimos meses? Os meteorologistas explicam que a onda de calor — que fez com que chegássemos a máximas históricas — não tem relação com a tendência de temperatura para o verão. É um fenômeno isolado. E, em dezembro, elas não devem acontecer.
☀️ Apesar disso, podemos esperar calor um pouco acima da média. Por exemplo, com a onda de calor de novembro, São Paulo encerrou o mês 3°C acima da média, saindo de 26°C para 29,6°C. Para o mês de dezembro, a expectativa é a de que fique em apenas 1°C.
“Todo o Brasil terá temperaturas acima da média, com exceção da parte sul do Rio Grande do Sul. Isso é uma característica do El Niño. No entanto, não deve ser como na onda de calor. Inclusive, não há previsão de onda de calor em dezembro”, explica o meteorologista da Climatempo Fábio Luengo.
Extremos
O ano de 2023 foi um ano de extremos, com vários eventos climáticos que causaram estragos. A chuva no Sul, em que Porto Alegre registrou o mês de novembro mais chuvoso dos últimos 100 anos. Do outro lado, a seca no Norte que deixou rios importantes completamente secos.
🚨 Os meteorologistas alertam que os extremos vão continuar. O cenário é reflexo do El Niño, mas também das mudanças climáticas, resultado da emissão de gases do efeito estufa.
Chuva segue castigando o Sul e deve chegar ao Sudeste
A chuva vai seguir castigando a região Sul, o que é um alerta para as autoridades, já que o volume de dezembro se soma a índices altos dos meses anteriores.
🌩️ O que muda em dezembro é que os temporais também vão se estender para o Sudeste atingindo Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
“No Sul, já temos um ponto de atenção porque os níveis estão muito altos e o mês de dezembro deve somar para piorar essa situação. Além disso, ela se estende para a região Sudeste e vem intensa e rápida, em níveis onde a vazão é complicada”, explica o meteorologista Fábio Luengo.
Risco de desastres
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do governo federal, produziu um relatório observando os extremos que ocorrem no Brasil e a previsão para dezembro. No documento, há um ponto de atenção para desastres com as chuvas no Sul, Sudeste — especialmente em áreas onde já houve desastres anteriores — e o impacto na agropecuária com a seca na região Norte.
Chuva
Toda a região Sul segue sob alerta, e a situação, segundo o centro, é preocupante, já que o volume de chuva esperado para dezembro é acima da média. Isso vem acontecendo há meses e colocou várias cidades embaixo dágua, com mortes.
Além disso, foi incluída uma previsão de enxurrada com estragos nos grandes centros dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Em especial, há risco de deslizamento no Litoral Norte de São Paulo, do Litoral Sul Fluminense, e regiões Serrana e Metropolitana do Rio de Janeiro.
“Temos muita gente morando em área de risco e, quando temos vários dias de chuva, aumentando a umidade e temos enxurradas, como está previsto, há um risco de deslizamento de terra. Essas regiões que citamos já foram alvo de desastres em anos anteriores. Então, são vulneráveis”, afirma Marcelo Seluchi, coordenador da área de monitoramento do Cemaden.
Seca no Norte
Ao contrário do Sul e do Sudeste, a chuva demorou a chegar ao Norte e vários rios secaram. Um dos maiores afluentes do Rio Amazonas, o Rio Negro, registrou a maior seca em 121 anos. Com isso, mais de 150 botos foram encontrados mortos e regiões ficaram desabastecidas por causa do baixo nível dos rios.
Na região, a temporada de chuva chegou atrasada, e o volume só deve impedir novas baixas, mas não vai ajudar a reverter o cenário. Com isso, para além dos rios, há um impacto previsto na agricultura e agropecuária, que podem afetar o abastecimento.
“Na região, temos outro problema que é a agricultura. Com a baixa umidade do solo, a vegetação está sofrendo. Isso vai se somar com a chuva abaixo da média e a temperatura elevada. Temos uma forte preocupação em toda a região Norte para a parte agrícola, agropecuária”, explica Marcelo Seluchi, do Cemaden, centro ligado ao governo federal.
Além do Norte, devem ter chuva abaixo da média o Nordeste, o Distrito Federal e Goiás.