sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Motorista recupera caminhão roubado durante sequestro

Em dias onde a violência se faz presente na rotina do rio-pretense, gestos de compaixão ao próximo surgem em momentos inesperados. Já dizia o escritor Franz Kafka que “A solidariedade…

Em dias onde a violência se faz presente na rotina do rio-pretense, gestos de compaixão ao próximo surgem em momentos inesperados. Já dizia o escritor Franz Kafka que “A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”.

O caminhoneiro curitibano Djonathan Michel Perin, de 24 anos, é a prova disso. Ele viveu em menos de 24 horas momentos de tensão e alívio. O motorista teve seu caminhão roubado na noite de quarta-feira, dia 4, próximo a um centro de compras na avenida Potirendaba, no Quinta das Paineiras, em Rio Preto. Depois foi amarrado pelos bandidos em uma árvore e solto às margens da rodovia Assis Chateaubriand, próximo a Guapiaçu.

Lá, foi resgatado pela Polícia Militar. Descalço, apenas com a roupa do corpo e uma coberta – único objeto que os bandidos deixaram a vítima pegar – Perin foi levado até a Central de Flagrantes. Ao término da ocorrência, não restou ao motorista outra opção a não ser passar a noite em um banco de concreto do lado de fora do plantão policial.

O dia já estava claro quando o motorista recebeu um copo de café junto com um pedaço de pão, dado pelos investigadores. Foi a primeira refeição desde o dia anterior. O caso foi divulgado nos meios de comunicação e pessoas que liam e assistiam as reportagens sobre seu caso se sensibilizaram. “Algumas pessoas começaram a vir até o plantão e perguntar se eu precisava de algo. Uma senhora saiu de um bairro distante e trouxe uma marmita. Outros vinham e ofereciam suas casas para eu ficar, tomar um banho e descansar. É primeira vez que vim para Rio Preto e não conhecia ninguém na cidade. Foi algo que me surpreendeu demais, fiquei feliz com estes gestos. Chegando a Curitiba quero ir até uma igreja para agradecer pelo ocorrido. Não tenho palavras de agradecimento pela ajuda de tantas pessoas”, disse o jovem, bastante emocionado.

Uma das pessoas que foi até o plantão policial oferecer ajuda ao motorista foi a dona de casa LiberaciAffini, de 73 anos. “Meu coração pediu para vir ajudar este rapaz. Fiquei sensibilizada com a história. Tenho filhos e me coloquei no lugar da mãe dele. Se fosse com um dos meus filhos, gostaria que tivessem este carinho e atenção com eles”, afirma.

Mesmo tendo sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) recentemente, isto não impediu a dona de casa de praticar seu ato de solidariedade. “Fazer o bem sem olhar a quem. Não precisamos conhecer as pessoas para ajudá-las. Vi que este rapaz precisava e fui até minha vizinha e pedi para ela me trazer até aqui, pois tive um AVC recente. Minha ajuda não foi muita, mas já ajuda não é mesmo?”, questiona Liberaci.

Família

Perin contou que durante o sequestro pensava na mulher dele e na filha recém-nascida, de apenas 38 dias. “Só pensava nelas. Agora que está tudo bem, estamos todos mais calmos. Já avisei a todos que o caminhão foi recuperado e apesar de alguns danos, isso é irrelevante. Ver aqui o caminhão, que é o meu ganha-pão, de onde tiro o sustento da minha família, praticamente inteiro, me deixa feliz. Agora só penso em encarar mais 12 horas de estrada e chegar logo em casa para abraçar minha mulher e pegar minha filhinha no colo”.

Crime

A ação criminosafoi no bairro Parque Quinta das Paineiras, por volta das 22h. A vítima aguardava a vez para descarregar uma carga de caixas de azeitona, avaliada em aproximadamente R$ 35 mil, quando foi rendida por bandidos. “Estava dentro do caminhão aguardando ser chamado quando um dos assaltantes estourou o vidro do meu lado e me rendeu. Enquanto o primeiro me encapuzou e mandou baixar a cabeça, o outro já assumiu a direção”, explica. A vítima não sabe exatamente qual a direção que os assaltantes tomaram. Após determinado tempo transitando com o caminhão, os ladrões pararam e desceram o motorista. “Eles me colocaram em um carro e me levaram até uma estrada de terra onde fui amarrado em uma árvore. Um dos bandidos dizia o tempo todo para atirar em mim enquanto o outro me batia com golpes de coronha”.

O motorista foi deixado na estrada de terra amarrado em uma árvore. “Quando consegui me soltar, vi que estava no meio do mato, próximo a uma rodovia. Enquanto pedia ajuda, uma viatura da Polícia Militar me encontrou e me trouxe até o plantão”. Policiais de Guapiaçu encontraram o motorista às margens da rodovia Assis Chateaubriand. A vítima foi levada até a Central de Flagrantes onde o boletim de ocorrência foi elaborado.

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