quinta-feira, 19 de setembro de 2024
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Onde foi parar a cruz em que Jesus Cristo morreu?

A cruz, símbolo central do Cristianismo, guarda consigo um mistério milenar. Dezenas de mosteiros e igrejas ao redor do mundo afirmam possuir fragmentos da “verdadeira cruz”, onde Jesus Cristo foi…

A cruz, símbolo central do Cristianismo, guarda consigo um mistério milenar. Dezenas de mosteiros e igrejas ao redor do mundo afirmam possuir fragmentos da “verdadeira cruz”, onde Jesus Cristo foi crucificado. Mas, afinal, qual é a verdade por trás dessas relíquias?

Segundo relatos históricos, a descoberta da “verdadeira cruz” remonta ao século 4, quando a mãe do imperador romano Constantino, Helena, teria encontrado o objeto em Jerusalém. A história, narrada por Gelásio de Cesaréia e Tiago de Voragine, descreve uma série de eventos que levaram à identificação da cruz de Cristo.

No entanto, para muitos historiadores contemporâneos, a autenticidade desses fragmentos é questionável. Candida Moss, professora de História dos Evangelhos e Cristianismo Primitivo, ressalta que muitos objetos poderiam ter sido reutilizados pelos romanos para outras crucificações, tornando difícil a confirmação da origem das relíquias.

Mark Goodacre, especialista em Novo Testamento, destacou em entrevista à BBC o desejo humano por proximidade física com objetos de devoção, o que pode ter impulsionado a busca por relíquias cristãs.

Com o estabelecimento do Cristianismo como religião oficial do Império Romano, a busca por esses símbolos se intensificou. A cruz se tornou um símbolo universal da fé cristã, e fragmentos dela foram espalhados por toda a Europa durante a Idade Média.

Hoje, diversos locais, como a Basílica de Santa Cruz em Roma e a Igreja da Santa Cruz em Jerusalém, afirmam possuir partes da “verdadeira cruz”. “Toda essa história faz parte do desejo por relíquias que começou a ocorrer no cristianismo durante os séculos 3 e 4”, explicou Goodacre.

Apesar da devoção dos fiéis, a autenticidade das relíquias é frequentemente questionada. A datação por carbono, um método científico que poderia esclarecer a origem dos fragmentos, é considerada intrusiva e destrutiva, dificultando sua aplicação.

“Esse período de tempo, quase três séculos após a morte de Jesus, é o que torna improvável que os objetos encontrados em Jerusalém, como a cruz onde ele morreu ou a coroa de espinhos, sejam autênticos”, observou Goodacre.

Já o pesquisador Joe Kickell, que se considera cético em relação às origens dos fragmentos, conduziu estudos que não encontraram evidências conclusivas sobre a autenticidade da “verdadeira cruz”. “Não há uma única evidência que apoie que a cruz encontrada por Helena em Jerusalém, ou por qualquer outra pessoa, venha da verdadeira cruz onde Jesus morreu”, escreveu Kickell em um artigo.

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