Maria Eduarda Oliveira, de Franca (SP) completou 10 anos em agosto. A ideia inicial era reunir amigos e familiares para a comemoração da primeira década de vida. Porém, a pandemia de Covid-19 adiou os festejos, mas a data não passou em branco. No lugar dos presentes, a garota pediu doações de alimentos para o Centro de Voluntários do Hospital do Câncer do município.
A unidade assiste cerca de 300 famílias de pacientes que lutam contra o câncer e está com dificuldades em manter a entrega de alimentos aos necessitados. Por conta da crise financeira em decorrência da pandemia, o trabalho foi afetado.
Com os litros de leite, pacote de bolachas e copos descartáveis doados por 19 famílias na festa solidária de Maria Eduarda foi possível reforçar o café da tarde dos pacientes do hospital.
“Eu quero agradecer a todos que me ajudaram a fazer essa doação, porque se eles não tivessem doado a gente não iria conseguir arrecadar o tanto que a gente arrecadou”, diz a garota.
O gesto de Maria surpreendeu a presidente do Centro de Voluntários, Dali Abrão Barini.
“A gente tem várias doações de pessoas que fazem aniversário, é comum, mas uma criança de 10 anos é a primeira vez que acontece. Nós ficamos muito felizes com a atitude dela e o tanto que vai contribuir com os pacientes do hospital do câncer”, afirma.
Bom exemplo
Há quatro anos Maria faz tratamento no hospital. Ela foi diagnosticada com um tumor benigno no pulmão e passou por uma cirurgia. O quadro dela, hoje, é positivo e a menina é acompanhada pelos médicos.
No início, ela ia três vezes ao ano nas consultas. Como a recuperação evoluiu bem, ela passou a ir duas vezes. Neste ano, o primeiro atendimento foi em fevereiro e o segundo em agosto, na data em que levou as doações.
“Fiquei muito feliz. A gente foi em uma consulta e passamos por lá. A gente entregou as doações e a moça me deu uma carta de agradecimento”, conta.
Essa não é a primeira ação solidária da garota. Quando completou sete anos, cortou o cabelo fez uma doação para que o hospital produzisse perucas aos outros pacientes mirins com câncer.
“Um ano antes eu tinha um tumor e no outro ano eu cortei o cabelo para doar. Igual agora, estou deixando crescer para depois cortar curtinho”, afirma Maria Eduarda.
Festas simultâneas
Para o aniversário solidário, a ideia da família foi promover festas simultâneas entre os convidados. A mãe da Maria Eduarda, a cozinheira Elaine de Oliveira, preparou bolos de potes, docinhos, guloseimas e bexigas. Tudo foi enviado para os amigos e parentes com orientações.
“Junto ia um papel pedindo para higienizarem as coisas, encherem as bexigas e esperarem até de noite para cantar parabéns. Todo mundo montou sua mesinha. Eles ficaram agradecidos em poder proporcionar esse momento a ela”, relata.
As comemorações em tempo real foram registradas em fotos e enviadas à família de Maria Eduarda. Depois, o pai da garota passou na casa dos convidados para recolher as doações.
“Não esperava que o pessoal fosse acatar da forma que acatou. É diferente e tem a dificuldade que todo mundo está passando no momento, mas as pessoas acataram prontamente. (…) Tem gente que não doa porque acha pouco. Pode ser pouco para você, mas faz a diferença para o outro”, diz a mãe.
