sábado, 21 de setembro de 2024
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Candidatos apresentam planos de governo com propostas clonadas

Candidatos que disputam a Prefeitura de Campinas (SP) neste ano utilizaram trechos dos próprios planos de governo apresentados nas eleições anteriores, de 2016. Um deles, o ex-prefeito Dr. Hélio (PDT),…

Candidatos que disputam a Prefeitura de Campinas (SP) neste ano utilizaram trechos dos próprios planos de governo apresentados nas eleições anteriores, de 2016. Um deles, o ex-prefeito Dr. Hélio (PDT), utilizou o mesmo programa inteiro, inclusive com propostas que já foram implantadas na cidade, como o transporte por aplicativo. Os planos de Artur Orsi (PSD) e Edson Dorta (PCO) têm parágrafos semelhantes, mas com a adição de projetos e ideias novas.

O G1 baixou os planos de governo deste ano na plataforma da Justiça Eleitoral. A exceção foi Dorta, que perdeu o prazo para registrar a candidatura e ainda não aparece no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No caso dele, o plano foi enviado pela assessoria. Já os programas de 2016 foram encontrados na reportagem da época.

Dr. Hélio (PDT)
Hélio foi eleito prefeito de Campinas por dois mandatos seguidos (2005-2008) e depois acabou cassado em agosto de 2011. Nas eleições municipais de 2016, teve a candidatura indeferida pelo Justiça Eleitoral.

Além de propor a regulamentação dos transportes por aplicativo, que foi feito em 2018, o plano de governo de 2016 reutilizado na eleição deste ano também promete a criação do Conselho Municipal de Juventude, que já existe.

Outra proposta, de criar um call center para agendamento de consultas, é similar ao Disque Saúde 160 que, segundo o portal da prefeitura, funciona de 8h às 18h para o morador receber “orientações sobre os serviços disponíveis no SUS e agendar consultas nas unidades de saúde em que está cadastrado”.

O candidato informou ao G1, por meio da assessoria de imprensa, que apresentará “muito breve” o plano de governo completo, que será enviado para aos órgãos competentes.

“Encaminharemos uma sinopse à Imprensa e completo aos diversos setores da sociedade civil, conforme compromissos assinados e/ou a assinar com instituições públicas e privadas”.

A assessoria do candidato completou que o plano entregue no ato do registro de candidatura contém diretrizes “de forma geral”.

O plano de Dr. Hélio pode ser encontrado na plataforma do TSE para as eleições deste ano e também no hiperlink propostas de governo nesta reportagem.

Artur Orsi (PSD)
Nos planos de Orsi, há parágrafos com pouca mudança, como este:

Em 2016 – “Eu e minha equipe vamos gerenciar Campinas pautados pela promoção dos conceitos de equilíbrio social, de desenvolvimento sustentável, de mobilidade e acessibilidade, de melhoria ambiental e de consolidação do município como uma cidade conectada”.
Em 2020 – “Eu e minha equipe vamos gerenciar Campinas orientados pela promoção dos conceitos de equilíbrio social, de desenvolvimento sustentável, de mobilidade e acessibilidade, de melhoria ambiental e de consolidação do município como uma cidade conectada”.

Outro exemplo é o parágrafo que fala sobre os princípios que norteiam o plano de governo:

Em 2016 – “Meu comprometimento com Campinas, aliado à representatividade da sociedade e aos mais bem preparados gestores, fará despontar um município melhor. Será uma Campinas justa, receptiva ao novo, capaz de equilibrar anseios daqueles que prezam o desenvolvimento como um meio de alcançar o bem-estar de todos. É somente a esse propósito que servirá o meu plano de governo”.
Em 2020: “Meu comprometimento com Campinas, e do grupo de pessoas que me acompanha, fará despontar um município melhor. Será uma Campinas justa, receptiva ao novo, capaz de equilibrar anseios daqueles que prezam o desenvolvimento como um meio de alcançar o bem-estar de todos. São esses propósitos que norteiam meu plano de governo”.
Na parte de Gestão, Finanças e RH, o candidato prometeu:

Em 2016: “A capacidade de investimento do município, tão reduzida em face da ineficiência, será recuperada por meio da redução de custos sem redução de serviços à população. Compras e contratações serão pautadas pelo respeito aos recursos públicos, priorizando, sempre, a transparência, o controle e cumprimentos das metas”.
Em 2020: “A capacidade de investimento do município, tão reduzida em face da ineficiência, será recuperada por meio da racionalização de custos sem prejuízo dos serviços prestados à população. Compras e contratações serão pautadas pelo respeito aos recursos públicos, priorizando, sempre, a transparência, o controle e cumprimentos das metas”.
A organização dos dois planos passa a ser diferente a partir do terceiro tópico. Nos dois primeiros, o candidato fez uma apresentação e depois falou sobre Gestão, Finanças e RH. Em seguida, no 2020 são descritos novos projetos, diferentes dos de 2016.

Ao longo do texto, voltam a aparecer parágrafos semelhantes, como o que falava sobre turismo:

Em 2016: “A consolidação do setor de turismo de negócios passará necessariamente pelo empenho do governo para atrair e apoiar eventos e feiras de grande porte que, por si, movimentam a economia local, mas também geram oportunidade de negócios que se refletem, em médio e longo prazos, no mercado de trabalho e em divisas”.
Em 2020: “A consolidação do setor de turismo de negócios passará necessariamente pelo empenho do governo para atrair e apoiar eventos e feiras de grande porte que, por si, movimentam a economia local, mas também geram oportunidade de negócios que se refletem, em médio e longo prazos, no mercado de trabalho e em divisas”.

Outro exemplo é a promessa de fomento à inovação.

Em 2016: “Com a meta de fomentar e catalisar as ações de todos agentes envolvidos, a administração dará apoio ao desenvolvimento de atividades baseadas nos princípios da diversidade cultural, inovação, sustentabilidade e inclusão social. Dessa forma, garantirá um ciclo que engloba a criação, produção e distribuição de produtos e serviços que usam o conhecimento, a criatividade, o talento empreendedor e o ativo intelectual como seus principais recursos produtivos”.
Em 2020: “Com a meta de fomentar e catalisar as ações de todos agentes envolvidos, a administração dará apoio ao desenvolvimento de startups com atividades alinhadas atividades baseadas nos princípios de inovação, sustentabilidade e inclusão social. Dessa forma, garantirá o fortalecimento de um ecossistema englobando a criação, produção e distribuição de produtos e serviços que usam o conhecimento, a criatividade, o talento empreendedor e o ativo intelectual como seus principais recursos produtivos”.
Procurado pelo G1, o candidato afirmou que os temas centrais da eleição passada foram mantidos porque “continuam sendo as melhores propostas para Campinas”.

Em nota, Orsi afirma, ainda, que “o Plano de Governo recém apresentado, também incorpora novas ideias e será continuamente enriquecido com boas propostas para governar Campinas.”

Acesse aqui o plano de 2016 e veja neste link o de 2020.

Edson Dorta (PCO)
Os planos de 2016 e 2020 do funcionário dos Correios Edson Dorta começam da mesma forma, mas com o programa de 2020 complementado. Na introdução, o plano diz:

Em 2016: “A questão central na atual etapa política é o problema do golpe de Estado em marcha em nosso País, com a derrubada do governo de Dilma Rousseff, do PT”.
Em 2020 : “A questão central na atual etapa política é o problema do golpe de Estado imposto em 2016, com a derrubada do governo de Dilma Rousseff, aprofundado com a prisão o ex-presidente Lula, a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro em 2018 e os duros ataques do governo entreguista ao povo brasileiro que já provocaram a morte de mais de 100 mil pessoas na pandemia do coronavírus, levaram mais da metade da classe trabalhadora ao desemprego, dezenas de milhões à fome e à miséria e um brutal retrocesso nas suas condições de vida”.

Os programas também têm trechos com poucas alterações, como:

Em 2016 – “o PCO, que foi uma verdadeira vanguarda na luta contra o golpe, defende de maneira intransigente os direitos democráticos de toda a população, contra os ataques às suas condições de vida e pela mobilização dos explorados e de suas organizações de luta”.
Em 2020 – “o PCO, que foi uma verdadeira vanguarda na luta contra o golpe, denuncia o caráter antidemocrático do atual processo eleitoral e se posiciona, uma vez mais, de maneira intransigente na defesa dos direitos democráticos de toda a população, contra os ataques às suas condições de vida e pela mobilização dos explorados e de suas organizações de luta”.
Ao explicar a participação do PCO nas eleições, o plano afirmava:

Em 2016 – “o Partido da Causa Operária participa das eleições como representante da luta e das reivindicações da classe operária, dos setores oprimidos da sociedade. Sua luta central é por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo. Este não é o governo de uma pessoa ou um partido isolado apoiado nas massas operárias, mas o governo coletivo da classe operária e das massas exploradas.”
Em 2020 – “o Partido da Causa Operária participa das eleições como representante da luta e das reivindicações da classe operária, dos setores oprimidos da sociedade e não para semear ilusões de que a situação da maioria explorada da nação possa ser resolvida por meio de eleições fraudulentas e manipuladas pela burguesia. Nossa luta central é por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo. Este não é o governo de uma pessoa ou um partido isolado apoiado nas massas operárias, mas o governo coletivo da classe operária e das massas exploradas”.

O G1 questionou por que o candidato repetiu trechos do plano antigo em vez de criar um totalmente novo, e o PCO responde que “o Partido da Causa Operária é um partido ideológico, revolucionário e que tem como programa os trabalhadores terem o controle do Estado. Porque são os trabalhadores que produzem a riqueza do país”.

“Ao contrário, o Estado é controlado pela burguesia, ou seja, os governos e as prefeituras estão à serviço dos grandes capitalistas. Nesse sentido, nossa proposta de governo dos trabalhadores da cidade e do campo, continua atual mais do que nunca”, afirma o partido.

A legenda afirmou também as propostas não são simplesmente para as eleições. “Mas nós levantamos essas reivindicações nas mobilizações dos movimentos sociais, sindicais e operários”.

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