O Brasil teve 61 ônibus queimados até setembro de 2023, o equivalente a 1 a cada 6 dias. O número é próximo aos 63 veículos incendiados durante todo o ano de 2022.
Os dados foram enviados com exclusividade pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) ao Poder360 e datam até 28.set.2023.
A associação informou que 23 pessoas morreram por causa dos ônibus queimados. Outros 79 cidadãos ficaram gravemente feridos.
Desde 2018, as incidências de queimadas nos veículos públicos registravam queda –influenciada também pela pandemia e pelo isolamento social. O ano com maior ocorrência foi 2014, quando protestos contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) tomavam conta das ruas.
A NTU também estimou o prejuízo decorrente da perda dos ônibus. Tratam-se de R$ 23 milhões em impacto econômico. O valor poderia ser usado para os seguintes propósitos:
construção de 176 km de BRT;
1.300 ônibus articulados com capacidade para 250 pessoas.
Também houve estimativas de impactos sociais. A associação fala em 19.200 passageiros que deixaram de ser transportados por causa dos atos violentos contra os veículos e cerca de 1 milhão de km que deixaram de ser percorridos.
Na comparação por Estado, o Rio de Janeiro lidera o índice de ocorrências em 2023. Rio Grande do Norte (10) e São Paulo (9) estão em seguida. A Bahia, vítima da violência ao longo do ano, também se destaca com 7 casos.
A NTU realiza o levantamento desde 2004. De lá até setembro de 2023, São Paulo é o Estado com mais ônibus incendiados. Foram 774 em 21 anos. O Rio de Janeiro (636) ocupa o 2º lugar do ranking. Minas Gerais (445) fecha o top 3. No total, a série histórica registrou 2.762 casos.
Marcos Bicalho, diretor da NTU, disse que a destruição dos ônibus com incêndios é uma questão que se relaciona à segurança pública do país. Muitos dos casos se relacionam a atos de facções criminosas, por exemplo.
O diretor também associa os atos violentos a uma carência de educação e relatou os efeitos do problema: “O transporte público coletivo é um serviço essencial para a vida nas cidades e na medida em que você restringe a oferta desse serviço, você está prejudicando o cidadão”.
Também é comum que o número de ônibus queimados aumentem em períodos com mais protestos populares. O especialista fala que o veículo tem uma espécie de “valor simbólico” por representar o que é público.
O especialista afirma que a maioria dos prejuízos são pagos pelas empresas que administram os sistemas de mobilidade urbana. Geralmente, as companhias contam com uma provisão mensal para arcar com as despesas.