A escalada do desemprego tem atingido cada vez mais pessoas e quatro em cada dez brasileiros (42,2%) têm algum familiar desempregado dentro da própria casa, segundo pesquisa da SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e da (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).
O número salta para 76,3% quando se trata de conhecer alguém que foi demitido nos últimos seis meses ou que tiveram de encerrar as atividades do seu negócio.
Diante do mercado de trabalho em deterioração, 82,7% dos pesquisados acreditam que o desemprego aumentará neste ano e mais de um terço (37%) avalia que não se sentem seguros em seu trabalho.
“O risco de perder o emprego e a baixa perspectiva de recolocação exerce forte influência sobre a confiança do consumidor, alimentando a queda do consumo e do próprio emprego num ciclo vicioso para a economia”, analisa o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizaro Junior.
Pior para o bolso
A pesquisa mostra que seis em cada dez pesquisados (58%) avaliam que a situação financeira piorou em 2016 na comparação com o ano passado.
A percepção de piora nas condições do próprio bolso é ainda mais notada entre as pessoas acima de 55 anos (67,8%).
Para 34% dos entrevistados, a situação permanece a mesma que no ano passado e apenas 6,4% relataram ter percebido uma melhora.
O fantasma das contas e a arte de apertar o cinto
O maior temor do brasileiro neste ano é não conseguir pagar suas contas básicas, segundo 48,2% das pessoas ouvidas pela pesquisa. Outros receios são de o país não superar a crise (41,1%), pagar mais impostos (38,4%), não conseguir honrar o pagamento de suas dívidas (34,9%) e ficar desempregado (32%).
Com medo do desemprego e de não conseguir pagar contas básicas, 85,9% dos brasileiros se viram obrigados a ajustar o orçamento doméstico para se defender dos efeitos da crise.
Segundo o estudo, 87% têm dedicado mais tempo para pesquisas preços e 80,5% estão evitando comprometer sua renda com compras de calçados e roupas.
Entre as mudanças de hábitos, 76,9% passaram a comprar produtos de marcas mais baratas, 75,5% deixaram de viajar e 71,3% pararam de sair com os amigos para bares e restaurantes.
Gastos com produtos de beleza (56,8%) e serviços como internet e celular (30,7%) e TV por assinatura (28,9%) também foram alvos de cortes, mas em menor proporção que os demais. O investimento em estudos também foi deixado de lado por 25,1% dos entrevistados que afirmaram ter abandonado cursos de idioma, escolas particulares ou faculdades.
Mesmo com todos os cuidados, 44,3% dos entrevistados afirmam que suas finanças estão descontroladas.
“A inflação, os juros elevados e o desemprego pioram a situação financeira das famílias e, muitas vezes, exigem mudanças no padrão de gastos para se adequar à nova realidade”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.