Um estudo elaborado pelo governo federal, divulgado nesta semana, mostrou que pelo menos 1.942 municípios brasileiros, o equivalente a aproximadamente um terço do total, encontram-se localizados em áreas de risco recorrente para desastres climáticos, tais como inundações, enchentes e deslizamentos de terra. Esses números foram compilados com base em informações do Atlas de Desastre e Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, que abrange eventos registrados entre os anos de 1991 e 2022.
No entanto, vale ressaltar que esses números podem estar subestimados, como evidenciado pelo fato de que o documento lista apenas 142 cidades gaúchas, enquanto a tragédia atual no Rio Grande do Sul já impactou mais de 450 municípios devido às fortes chuvas, segundo dados da Defesa Civil do Estado.
Cidades de destaque
Dentre as localidades em risco, destacam-se São Sebastião, no litoral paulista, e Petrópolis, no Rio de Janeiro, ambas enfrentando problemas decorrentes de eventos climáticos anteriores, como fortes chuvas e deslizamentos de terra.
São Sebastião, por exemplo, foi palco de deslizamentos em 2023, enquanto Petrópolis enfrentou uma tragédia semelhante em 2022.
Regiões mais preocupantes
Na Região Sudeste, a população exposta aos riscos de desastres naturais é a maior do país. O estado de Minas Gerais lidera com 283 municípios mais suscetíveis, seguido por São Paulo com 172, Rio de Janeiro com 75 e Espírito Santo com 71.
No Sul, Santa Catarina é o destaque, com 207 municípios e uma considerável população em áreas de risco, seguido pelo Rio Grande do Sul com 142 e Paraná com 80.
Já no Nordeste, a Bahia se destaca com 137 municípios suscetíveis, seguida por Maranhão com 110, Pernambuco com 106 e Ceará com 74. A Bahia também possui a maior proporção de sua população em áreas de risco, alcançando 17,3%.
Na Região Norte, os estados do Pará e Amazonas têm os maiores números de municípios suscetíveis, com 82 e 59 respectivamente, principalmente devido a inundações graduais.
Enquanto isso, na Região Centro-Oeste, Mato Grosso apresenta o maior número de municípios suscetíveis, com 40, enquanto Mato Grosso do Sul tem a maior quantidade de pessoas mapeadas em áreas de risco, totalizando 25.092.
Monitoramento
Para lidar com a situação, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) planeja instalar equipamentos de monitoramento de chuvas em todas as 1.942 cidades listadas até o final de 2027.
Início dos estudos
O levantamento dessas cidades em risco começou após as devastadoras chuvas que atingiram Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, em 2011, causando mais de 900 mortes e deixando milhares de desabrigados. A tragédia impulsionou a criação de políticas públicas voltadas para desastres climáticos, como o Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNDC), previsto em lei desde 2012, mas que ainda não foi efetivamente implementado.
Diante desse quadro, especialistas alertam que ações urgentes são necessárias para reduzir o risco e proteger as comunidades vulneráveis.
Além do monitoramento e alertas antecipados, eles afirmam que investimentos em infraestrutura e políticas de prevenção, como realocação de famílias em áreas de alto risco, construção de barreiras de contenção e sistemas de drenagem adequados são medidas que devem ser implementadas com urgência.
Em São Sebastião, por exemplo, esforços estão sendo feitos para realocar famílias após os deslizamentos de 2023, enquanto em Petrópolis, a prefeitura enfrenta desafios para garantir a segurança das áreas de risco.