sexta, 22 de novembro de 2024
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1 a cada 3 brasileiros não sabe que é hipertenso, diz OMS

Um em cada 3 brasileiros que tem hipertensão não sabe do seu diagnóstico. A doença afeta 50 milhões de pessoas, ou cerca de 45% dos adultos de 30 a 79…

Um em cada 3 brasileiros que tem hipertensão não sabe do seu diagnóstico. A doença afeta 50 milhões de pessoas, ou cerca de 45% dos adultos de 30 a 79 anos. Entre os idosos com mais de 60 anos, a taxa pode chegar a 65%. Só 1/3 dos pacientes se trata corretamente. Os dados fazem parte de um relatório recente da OMS (Organização Mundial da Saúde).

A hipertensão é uma doença caracterizada pela elevação persistente da pressão arterial, em que a pressão sistólica (máxima) é maior do que 140 mmHg e a pressão diastólica (mínima) fica acima de 90 mmHg. Seu desenvolvimento é influenciado por fatores genéticos, ambientais e sociais.

“O subdiagnóstico está relacionado principalmente ao fato de se tratar de uma doença assintomática e ao pouco conhecimento da população dos riscos da falta de controle adequado, como lesões em órgão-alvo e, consequentemente, maior risco de infarto, AVC (Acidente Vascular Cerebral ) e morte”, diz o cardiologista Eduardo Segalla, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Para a cardiologista Lucélia Magalhães, presidente do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia, “nosso estilo de vida, com uma cultura que leva à obesidade e ao sedentarismo, por exemplo, favorece que genes da doença se expressem. É uma verdadeira epidemia, que só piorou após a pandemia”.

Fatores socioeconômicos, como baixa escolaridade e renda, juntamente com o consumo excessivo de sal e abuso de álcool, também desempenham um papel fundamental nesse problema. A hipertensão, quando não tratada, provoca alterações funcionais e estruturais em órgãos como o coração, o cérebro e os rins, aumentando o risco de infartos, derrames, insuficiência cardíaca e morte. De fato, ela é o principal fator de risco modificável para doenças cardiovasculares e doença renal crônica.

CONTROLE DA PRESSÃO

A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que a pressão seja medida de rotina nas consultas de qualquer especialidade médica. Se o valor encontrado for menor do que os famosos 14×9, o paciente pode ser avaliado anualmente. O diagnóstico é estabelecido quando há alteração em duas avaliações feitas com a técnica correta em pelo menos duas ocasiões diferentes. Também é aconselhável, se possível, complementar com exames fora do consultório como o Mapa, que monitora os valores ao longo de 24 horas.

Uma vez diagnosticada, são necessários outros exames para rastrear lesões em órgãos-alvo, como coração, cérebro e rins. As metas e o tratamento, incluindo o uso de remédios, vão depender da idade e dos fatores de risco de cada paciente. Em muitos casos, pode ser controlada apenas com mudanças de hábito.

“Muita gente não consegue aderir ao tratamento, pois é preciso emagrecer, reduzir o sal, adotar uma atividade física e às vezes tomar remédios”, diz Magalhães. A médica também sugere que o alto grau de compromisso exigido para o tratamento afasta as pessoas do acompanhamento: “Acabam procurando o médico apenas quando aparece alguma complicação”.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte, hospitalização e atendimentos em consultório em todo o mundo. No Brasil, correspondem a 27% de todas as mortes, segundo dados do Datasus, (Departamento de Informática do SUS), de 2017. A hipertensão está associada a quase metade (45%) delas.

Os médicos alertam que fazer check-ups rotineiros permitem identificar problemas de saúde em estágios iniciais, bem como avaliar o risco em pessoas assintomáticas e adotar medidas de prevenção. A avaliação em consultório, com exames de laboratório e de imagem, ajuda a avaliar também a saúde dos órgãos-alvo. A conduta para cada pessoa é planejada a partir do chamado score de risco, estabelecido por meio de um sistema de pontos baseado em fatores como idade, sexo, antecedentes familiares, além da presença de condições como hipertensão e colesterol alto.

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