quinta, 21 de novembro de 2024
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Mulher morre com suspeita de gripe suína

A faxineira Simone Maria da Silva, de 26 anos, morreu ontem, na Santa Casa de Rio Preto, com suspeita de gripe suína depois de peregrinar por 17 dias na Unidade…

A faxineira Simone Maria da Silva, de 26 anos, morreu ontem, na Santa Casa de Rio Preto, com suspeita de gripe suína depois de peregrinar por 17 dias na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte à procura de atendimento. Entre as medicações que teriam sido receitadas por quatro diferentes médicos que atenderam Simone durante esse período encontram-se antibióticos, remédios para cólicas e vômito.

Segundo o provedor da Santa Casa Nadim Cury, as possíveis causas da morte são infecção generalizada e pneumonia. “Os pulmões dela (Simone) estavam bem comprometidos e constatou-se derrame pleural, ou seja, um acúmulo de água nos pulmões”, explica Cury. O exame do líquor foi realizado e encaminhado para o Instituto Adolfo Lutz, e deve ficar pronto em 15 dias.

A luta por um diagnóstico correto teria começado no último dia 7, quando teria procurado a UPA Norte com febre que oscilava entre 39ºC a 41ºC, vômito, tosse e dores abdominais. Segundo o marido, o pedreiro Mauro Rodrigues Pereira, de 36 anos, Simone chegou a ir até à unidade várias vezes no mesmo dia. “Eles (médicos) só passavam um remédio para abaixar a febre, mas tudo voltava após o efeito do remédio.”

Entre as receitas médicas que a família disponibilizou à reportagem havia também um encaminhamento para a realização de um hemograma, solicitado no último dia 19, que deveria ter sido feito ontem. Em sua última passagem pela UPA (dia 23), a faxineira foi encaminhada para a Santa Casa com febre, tosse, calafrios, falta de ar e dor no corpo. Na madrugada seguinte (domingo), foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado grave, onde permaneceu até ontem.

Pereira conta que, no sábado, foi necessário fazer uma lavagem estomacal na mulher, o que melhorou as dores abdominais. Mas ninguém imaginava que o problema seria mais grave. “Não sabíamos ainda a situação dos pulmões dela, mas já estava tudo inflamado”, diz. O pedreiro informou também que a última médica que atendeu Simone na UPA, no sábado, a qual não se recorda o nome, disse que a paciente já deveria ter recebido o encaminhamento para um hospital.

“A médica disse que pelo estado de saúde, ela já deveria ter sido encaminhada à Santa Casa há muito tempo. Se tivesse sido internada antes, o caso teria sido menos grave e agora estaria viva.” Familiares e os amigos prestaram apoio à Pereira, ontem, na Santa Casa. “Ninguém acredita no que aconteceu. Apesar de todos os sintomas que ela tinha, estava bem”, disse a enteada de Simone, Ana Carolina Araújo Rodrigues.

Atendimento

Segundo o médico Luís Alberto Thuha, a suspeita de um diagnóstico de gripe suína ou mesmo de pneumonia poderia ter facilitado o tratamento. “Alguns casos podem ter complicações, mas a suspeita da doença poderia ter auxiliado em um tratamento mais específico.”

A Secretaria de Saúde de Rio Preto informou, por meio da assessoria de imprensa, que aguarda a notificação da suspeita de gripe suína pela Santa Casa e o resultado dos exames do Instituto Adolfo Lutz para se manifestar.

Revolta na despedida

“Simone era uma pessoa de bem com vida.” As palavras são do pedreiro Mauro Rodrigues Pereira, de 36 anos, logo após a confirmação da morte de sua mulher, Simone Maria da Silva, aos 26 anos. A mulher, que morreu com suspeita de gripe suína, trabalhava como faxineira para ajudar complementar a renda familiar. O trabalho às terças-feiras, no entanto, teve de ser interrompido há duas semanas devido aos problemas de saúde. “Ela ligou para o patrão avisando que iria faltar, porque não estava bem”, diz uma amiga, que não quis se identificar.

Além do marido, a jovem também deixou a filha Vitória, de quatro anos, e a enteada Ana Carolina, de 14. “Quando eu contei para a Vitória sobre a morte, ela disse que a Simone estaria agora cuidando de um cachorrinho que tínhamos e que morreu há pouco tempo”, conta Pereira.

Revolta

O pedreiro não se conforma com a morte da mulher e quer explicações sobre o que aconteceu. “Quero que os médicos que atenderam a Simone me explique o por quê ela morreu. Quero saber quem foi o culpado.” A preocupação do pedreiro também é em relação a outros pacientes que recebem atendimento na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Norte. “Não quero que as pessoas que estão lá agora sendo atendidas corram o risco de receberem tratamento errado, como aconteceu com a Simone.”

“A médica da Santa Casa que prestou atendimento ficou surpresa com o fato de ninguém ter diagnósticado melhor. Acho que ela só resistiu durante todo esse tempo porque era jovem e uma pessoa muito forte.”

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