Quinta, 18 de Abril de 2024

O recomeço

17/01/2020 as 16:41 | Fernandópolis | Jean Braida
Eu sempre vivi muito bem. Meu pai fazia de tudo por mim, mas embora não exigia, deixava claro que eu tinha que cumprir algumas regras.

O tempo passou e a cada dia que passava eu me sentia preso, onde percebia que faltava algo para que eu fosse de fato feliz. Tudo o que eu tinha não era suficiente. Ter um pai que tinha e podia tudo, não bastava porque, para eu conseguir ser como ele eu precisava fazer o que ele me pedia.

Cansado disso, resolvi ir embora. Pedi tudo que era meu, com o único objetivo de viver minha vida, da forma que eu queria. Sem me importar com regras, costumes ou seja lá o que for.

Meu pai olhou em meus olhos e disse que, se essa era minha vontade, tudo bem. Separou a minha parte e me deu.

Fui embora contente. Pois, a minha parte da herança era valiosa, eu sabia que tudo ia dar certo porque viveria do jeito que sempre quis.

Os dias passaram, comprei casa, carro, investi meu dinheiro em ações e tudo estava ótimo. Até fazia festas praticamente todos os dias. Os meses foram passando e alguns investimentos não estavam tendo retorno. Nas festas de casa, começaram a sumir dinheiro e peças de valor que eu tinha na decoração. Mas isso não importava, porque, eu era “bem-sucedido” e estava fazendo aquilo que eu queria. Eu era dono do meu próprio nariz.

A cada ano que passava, quando eu puxava meu extrato no banco, mais caia meus rendimentos, até que precisei vender a casa para pagar dívidas. O carro foi embora junto porque eu já não tinha condições de sustentá-lo. Meus “amigos” não me recebiam em suas casas. Eles se quer me atendiam.

Fiquei só. Mas sabia que podia dar a volta por cima, porque meu pai era inteligente e eu sabia que eu também era. O tempo passou e infelizmente nada deu certo.

Eu não tinha nada para comer. A única saída era revirar as latas de lixo que tinham por aí. Até que pensei em porque não voltar para a casa do meu pai? Os empregados dele comem bem, se vestem e eu aqui nessa miséria. Vou pedir um trabalho para ele.

E assim fiz, fui até a casa de meu pai, toquei o interfone, logo atenderam dizendo “quem? ”, “ oi sou eu, eu disse, aí desligaram o interfone na minha cara. Fiquei arrasado sentei na sarjeta e comecei a chorar.

Logo ouvi passos e o portão se abriu. Era meu pai chorando muito, de braços abertos para me receber. Levantei correndo e fui sentir aquele abraço de quem realmente me amava.

Meu disse para os empregados pegarem uma troca de roupa nova, sapatos e mandou que matasse um novilho para festejar meu retorno.

Estava envergonhado, mas muito feliz de ter voltado para casa. Quando vi meu irmão fui dar um abraço nele. Ele meio sem jeito me abraçou e já disse ao meu pai. “Eu sempre estive com o senhor, sempre obedeci, trabalhei, e nunca o senhor mandou matar qualquer animal para fazer uma festa para mim”. Meu pai olhou nos olhos dele e disse “não mandei matar nada, porque tudo que tenho já é teu e você pode matar um animal e fazer festa quando quiser”.

Ou seja, quantos de nós estamos passando por isso neste exato momento. A gente pensa que uma vida longe de Deus (que é o Pai) pode nos satisfazer porque temos dinheiro, alguém ou algo que parece preencher. A grande verdade que isso é uma falsa alegria, porque é passageira.

Deus não está no controle da sua vida se você não deixar que Ele esteja. Temos que ter o coração aberto e a coragem de fazer o que Jesus faria em nosso lugar. Você gosta de ser humilhado? Você gosta de “engolir sapo”? Você gosta de ser envergonhado? Pois é, Jesus passou por tudo isso e mais. Quem somos nós para querer ser melhor do que Ele foi?

O preço dos nossos erros foi pago na cruz, e por isso temos que honrá-lo da melhor forma, com nossas limitações. Temos que confiar sim, e não jogar toda a culpa em Deus ou até mesmo no diabo, porque nós temos escolhas, e o que vivemos é o que escolhemos. O que você tem escolhido para você?

Já as pessoas que agem como o irmão enciumado, é lamentável. Pois quando alguém erra não pode julgar quando ela volta, sabe porquê? Porque todos nós erramos, mesmo que sejam erros diferentes, nós erramos. Onde fica o amor ao próximo?

Você que defende sua igreja com unhas e dentes e não admite que ninguém faça nada de errado, olhe no espelho e veja se o teu julgamento é certo. Chega de religiosidade. Não podemos esquecer que a primeira igreja que existe é o nosso corpo, que é o real templo do Espírito Santo.

Ao invés de criticar, ajude, estenda a mão, ou será que Jesus apontaria o dedo, assim como você faz? A igreja é para ajudar quem precisa. Se você não precisa, se doe e faça o que certamente alguém já fez por você quando precisou.

Não podemos esquecer que somos peregrinos nessa terra. Estamos construindo nossa verdadeira casa eterna, onde o material nada mais é que nossas atitudes. Diga não a religiosidade e sim a filosofia de vida que Jesus Cristo nos ensinou.

Por Jean Braida.

Jeanbraida@hotmail.com
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