Quinta, 25 de Abril de 2024

Conversas entre Macetão e Aldo podem causar mais cassações

03/03/2015 as 13:01 | Jales | Da Redaçao
A semana já não era das mais tranquilas, em virtude dos seguidos anúncios de que a prefeita Nice Mistilides continuava tentando voltar ao poder. E ficou ainda mais agitada depois que o jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, divulgou, na quarta-feira, as gravações de conversas entre o ex-secretário de Planejamento, Aldo Nunes de Sá, e o vereador André Ricardo Viotto, o Macetão, ex-presidente da Comissão Processante que resultou na cassação da prefeita Nice Mistilides. Mais do que revelar as tentativas do vereador de “negociar” a cassação da prefeita, as gravações revelam um alto grau de cumplicidade entre os dois interlocutores – Aldo e Macetão – sugerindo que ambos já tinham mantido conversas parecidas em outras ocasiões.

As inconfidências de Macetão revelam, também, que ele mantinha conversas com a prefeita Nice Mistilides, onde nem sempre o interesse público era a razão principal.

Na primeira conversa gravada por Aldo, provavelmente no dia seguinte à sessão realizada pela Câmara, em 30 de outubro de 2014, quando foi instalada a Comissão Processante, o então secretário avisa a Macetão que estava de posse de um documento que interessava a ele, mas deixou claro que só poderia entrega-lo ao vereador na quinta-feira seguinte. “A Nice mandou eu (sic!) buscar o documento na Prefeitura, assinou e falou: só na quinta-feira você entrega pro Macetão”.

Que documento seria esse, não ficou muito claro nas conversas, mas ele parecia interessar muito ao vereador. Em um trecho, Macetão revela que já tinha tentado negociar com a própria prefeita. “Eu falei pra ela, solta as coisas, mamãe. Chama o cara, dá pro cara. Eu falei, é quatro votos. Agora, se eu não..., a senhora vai ter um voto só. Só o Nishimoto vai ficar com você”. Mais à frente, Macetão diz a Aldo que “eu já falei pra ela. Ela vai ter que soltar o negócio. Se ela soltar, eu faço. Agora, se ela não soltar... Ela sabe disso”. Pouco depois, Macetão volta a mostrar que tem pressa de receber o tal documento: “Ela só vai dar depois de votar? Então, deixa pra lá, esquece! A gente entra na Justiça e vai pra fila do precatório...”.

Em outro trecho, Macetão se refere a Aldo como “mediador” e pede para ele levar um recado ameaçador a Nice. “Mediador, fala pra ela o seguinte: prefeita, eu vi o Macetão, conversei com ele... ele disse.... tá na mão do Emerson amanhã, você fica tranquila; agora, se não tiver, não sei não, prefeita, não vai ser bom...”. Um pouco mais adiante, ele se refere a outra conversa que teria mantido com Nice: “Eu falei pra mamãe, eu sou o pomo de Aquiles (sic!). Ou a senhora me agrada, ou eu não sei o que faço. Agradar, que eu falo, é ser parceiro...”.

Macetão diz que Callado teria prometido cargos a vereadores
Na gravação divulgada pelos advogados da prefeita cassada, o vereador André Macetão faz acusações – todas sem provas – contra várias pessoas. O atual prefeito, Pedro Callado, foi uma das vítimas da “diarreia verbal” do vereador. Segundo Macetão, Callado e o ex-candidato a prefeito, Flávio Prandi (DEM), teriam feito um acordo para derrubar Nice. “A gente tá desconfiado que o Flá e o PSDB já se acertaram para cassar ela. Chamaram o Claudir também, como já me chamaram. O Claudir tá pra roer a corda. O doutor Pedro vai dar cargo pra ele e vai continuar com o Timpurim”, garantiu Macetão ao seu interlocutor, o secretário Aldo.

Mais adiante, o vereador reafirma que o vice faria parte de uma conspiração para derrubar a prefeita. “O doutor Pedro vai entrar e vai dar cargos para todos os vereadores indicar. Cada vereador vai ter duas indicações para fazer”, diz Macetão em um trecho da gravação. Para dar mais importância a si mesmo, Macetão disse que já tinha participado de reuniões com o PT: “Tô pedindo pra eles não votarem (na cassação). Tô dando ideia que é pra não dar vida (poder) pro baixinho. Agora não é o momento de dar vida pro baixinho”. O baixinho, no caso, seria o vice-prefeito Pedro Callado.

Vereador afirma que sorteio da Processante foi uma farsa
Outra pessoa que aparece nas gravações do ex-secretário Aldo é o ex-vereador e atual presidente do diretório local do PT, professor Luís Especiato. Segundo as palavras de André Macetão, o petista seria um especialista em fraudar sorteios.

“Então, vocês não acreditaram quando eu fiz o esqueminha pra eu e o Nishimoto sair naquela primeira Comissão Processante.... Foi o mesmo esqueminha agora no sorteio. Os caras sabem fazer isso. O Especiato é craque nisso. Ele ensina. O Rosalino ficou treinando um par de dias”.

A primeira Comissão Processante a que se refere o vereador Macetão, foi instalada em março de 2014, com o objetivo de apurar supostas infrações político-administrativas cometidas pela prefeita ao não tomar providências para limitar os gastos com a folha de pagamento aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. A Comissão – para a qual Macetão e Nishimoto tinham sido sorteados – está, no entanto, paralisada até os dias de hoje, em virtude de uma liminar conseguida por Nice no TJ-SP. A liminar foi revogada há alguns dias, mas a Comissão ficou sem objeto, uma vez que a prefeita já foi cassada.

A acusação sobre o suposto esqueminha implantado por Especiato deverá render uma ação por danos morais, promovida pelo petista contra Macetão (veja nesta página).

Aldo confessa que pressionou Claudir Aranda
Em meio à conversa com Macetão, o então secretário de Planejamento, Aldo Nunes, pareceu ter ficado irritado com a informação de que o seu colega de secretariado, Roberto Timpurim, teria, supostamente, se acertado com adversários com o objetivo de cassar Nice. “Então, o Timpurim apóia o doutor Pedro?”, perguntou Aldo, para, em seguida, completar: “Se o Timpurim não apoiar a Nice, a Nice joga b. no ventilador dele. Aí entra ele e o Claudir no meio. Os dois tão no pau.... Os caras tem o rabo preso...”, disse Aldo.

Em outro trecho das gravações, Aldo confessa que teria pressionado o vereador Claudir Aranda a apoiar a prefeita. “Eu liguei pra ele ontem e falei: se você não firmar o golpe, eu vou na Polícia Federal e te denuncio. E ele (Claudir) me respondeu: pelo amor de Deus...”

Acusações de Macetão atingem até empresa do vereador Rivail Jr.
A denúncia contra Claudir Aranda, que Aldo ameaça levar à Polícia Federal, deve ter alguma coisa a ver com a reforma da cobertura da Câmara, realizada em 2011, quando Claudir era o presidente do Legislativo. O caso da reforma, que já foi noticiado pelo jornal A Tribuna, envolve também uma empresa que tem como sócio o vereador Rivail Rodrigues Júnior, que, à época das reformas ainda não tinha sido eleito.

“E o que virou o negócio das telhas?”, pergunta Aldo na conversa gravada. “Nada a ver... R$ 160 mil num telhado... Foram ver o telhado e não tinha mais telhado...

Deram uma nota de R$ 182 mil. Isso é uma vergonha”, responde o moralista Macetão. Em seguida ele completa: “eu falei pra Nice que tem que pressionar ele.

Chama ele e fala: ou você vota comigo ou eu vou na Polícia Federal. Vou te denunciar. Ele vai borrar as calças...” diz Macetão sobre a pressão que, segundo ele, Nice deveria fazer sobre Júnior Rodrigues.

A reforma da cobertura da Câmara foi contratada com uma construtora de Jales, que terceirizou os serviços para a empresa Rivail Estruturas Metálicas. No ano passado, uma perícia providenciada pelo ex-presidente Gilbertão, constatou que o material utilizado não correspondia ao que foi contratado pela Câmara. Diferentemente do que diz Macetão, no entanto, a reforma custou R$ 102 mil. Rivail alega que não tinha conhecimento sobre o projeto original da reforma e que sua empresa limitou-se a executar o serviço, utilizando o material adquirido pela Construtora responsável pela obra. A empresa emitiu nota de esclarecimento que pode ser lida nesta página.

De seu lado, Claudir Aranda, que era o presidente da Câmara em 2011, argumentou que “eu deleguei a realização da licitação para a diretoria da Câmara. Eles que cuidaram de tudo”. Ele afirmou, ainda, que, “estou tranquilo, pois o engenheiro da obra, o Manoel de Aro, atestou a sua regularidade. A perícia providenciada pelo Gilbertão constatou que não é possível perceber a diferença de material a olho nu”.

Miranda diz que vereador foi instigado a falar de sua empresa
Uma das balas disparadas pela metralhadora giratória do vereador Macetão atingiu, de raspão, o ex-secretário municipal de Obras da gestão Parini, Antonio Marcos Miranda. Sócio da empresa que está construindo 99 casas populares nas proximidades da Facip, Miranda foi citado nas gravações de Aldo. Foi o próprio Aldo quem perguntou a Macetão sobre um suposto relacionamento comercial com Miranda. “Quanto você tira do Miranda?”, pergunta Aldo. “Se o Miranda pagasse certinho, era uns três contos, mas, desse jeito aí, como é esse negócio, eu não ganho nada”.

Questionado pela reportagem de A Tribuna, Miranda explicou que sua empresa nunca fez nenhum pagamento ao vereador. “O que acontece é que nós compramos material de construção para as casas que estamos fazendo, lá na loja do sogro do Macetão. Foi ele quem nos apresentou e intermediou as vendas. Por conta disso, ele deve ganhar alguma comissão lá da loja do sogro, mas, como a Prefeitura nos paga com atraso, nós estamos atrasando nossos pagamentos também e ele acaba ficando sem a comissão. É isso que está acontecendo”, garantiu Miranda.

O empresário não gostou da menção à sua empresa. “Eu ouvi a gravação ontem e o que eu notei é que o Aldo foi quem ficou instigando o Macetão a falar de nossa empresa. Acho que isso não foi correto da parte dele”, reclamou Miranda.

Terreno no Distrito Industrial pode ter sido o objeto da negociação
As negociações entre o vereador Macetão e o ex-secretário Aldo Nunes só falam claramente em pagamento em dinheiro, para evitar a cassação da prefeita Nice, uma vez. Em muitos trechos das conversas, eles falam em linguagem cifrada: “aquele negócio”, “aquele documento”, “papelzinho”, etc, são alguns termos usados nos estranhos diálogos entre os dois personagens.

Em alguns trechos, eles citam o nome de um tal “Emerson” três ou quatro vezes, como sendo um dos principais interessados nas negociações. Eles estavam se referindo ao médico Emerson Algério Toledo, que foi preso em janeiro deste ano, cerca de 80 dias depois das conversas gravadas. Antes de ser preso, Emerson foi, aparentemente, beneficiado com a doação, pela Prefeitura, de um terreno localizado no Distrito Industrial I, na avenida “Paulo Marcondes”. O terreno tinha sido doado à empresa de um aparentado do vereador Macetão, mas, em 2009, no governo Parini, a Prefeitura o retomou, através de uma ação na Justiça. Atualmente, o cadastro da Prefeitura registra que o terreno pertence à empresa “Toledo e Oliveira Transportadora Ltda”, ligada ao médico.

Em certo trecho, Macetão cobra pressa na liberação de um documento relacionado ao terreno. A resposta de Aldo, em uma linguagem estranha, sugere que o vereador teria que dar alguma contrapartida em troca da liberação do documento. “Amanhã eu vou passar pelo Conselho (de Desenvolvimento Econômico) pra ficar com o trâmite legalzinho. Eu vou falar com a prefeita, só que é assim: a minha conversa não tem curva. Se chegar tal dia e o Macete der bicudo, eu assumo, só que eu acho o Macetão até no inferno”, disse o então secretário.

Pedro Callado pede punição para os dois envolvidos em gravações
O prefeito Pedro Callado foi uma das figuras públicas atingidas pelas gravações do ex-secretário Aldo Nunes de Sá. Segundo a retórica do vereador Macetão, Callado teria se aliado a adversários políticos ligados ao DEM e ao PT para cassar a prefeita Nice Mistilides. Macetão insinuou, também, que Callado teria oferecido vantagens aos vereadores que votaram pela cassação da prefeita, os quais poderiam indicar, cada um, pelo menos duas pessoas para ocupar cargos na Prefeitura.

Na quarta-feira pela manhã, mesmo antes de tomar conhecimento do inteiro teor das gravações, Callado falou com a reportagem de A Tribuna, em seu gabinete. Depois de passar pelo Almoxarifado e pela Escola Agrícola, Callado chegou à Prefeitura exatamente no horário combinado com o repórter do jornal. Ele entrou pela porta da frente do Paço – algo que os prefeitos anteriores não costumavam fazer – cumprimentou as pessoas com quem cruzou, mas não fez brincadeiras, como de costume. Na antessala de seu gabinete, uma ex-aluna o esperava para cumprimenta-lo. Ela notou que Callado estava mais sério que de costume.

Já em seu gabinete, o prefeito convidou o repórter para sentar-se e, antes de entrarmos no assunto do dia – as gravações da dupla Aldo/Macetão – ele relatou, entre entristecido e preocupado, as dificuldades que vem encontrando neste início de governo. Uma delas diz respeito ao secretariado. “Eu estou convidando, em princípio, pessoas que possam trabalhar voluntariamente, até porque eu já fui alertado pela promotoria que vou ter que baixar o percentual de gastos com a folha de pagamento.

Não está fácil, no entanto”, revelou Callado. Apesar das dificuldades, ele ressaltou que não vai desistir de tentar fazer alguma coisa por Jales. “Não existe a menor possibilidade de eu renunciar. Tenho um compromisso com a minha cidade e com as pessoas que acreditaram em mim”, garantiu.

Callado falou da família, lembrou do pai, que, segundo ele, vive uma vida simples em São Bernardo do Campo, como professor aposentado. “Nossa vida nunca foi fácil, como algumas pessoas podem querer supor. Tudo foi conquistado com muito trabalho e esforço”, disse. Depois, ele desmentiu, ainda entristecido, as acusações do vereador Macetão. “Desminto isso veementemente. Eu nunca falei com os vereadores a respeito do processo de cassação da prefeita. Procurei ficar afastado de tudo, nem à Câmara eu fui nesse período para não dar margem a comentários. Eu nunca poderia ter oferecido cargos a vereadores, como o Macetão está afirmando nessa gravação. A maior prova de que ele está faltando com a verdade, é que eu não fiz nenhuma nomeação até agora e não houve, da parte dos vereadores, nenhuma indicação”, explicou Callado.

“Temos que eliminar essas pessoas das nossas vidas”
À tarde, depois de ouvir as gravações, Callado deu entrevistas à imprensa, onde substituiu a tristeza e a preocupação por uma boa dose de indignação. Ele foi veemente ao pedir a punição dos dois envolvidos. “Se o vereador errou, ele tem que ser punido. Se o secretário negociou – e ele estava negociando preços com o vereador – também tem que ser punido. Os dois têm que ser punidos. Não tem ninguém mais interessado do que eu que isso seja esclarecido pela Justiça, pelo Ministério Público e pela Polícia Civil”, afirmou.

Ele foi enfático ao se referir ao ex-secretário Aldo. “Como é que pode o principal secretário da ex-prefeita, um homem da inteira confiança dela, que falava em nome da prefeita, que acumulava duas, três, quatro secretarias e mandava nas outras, que dava ordens aos demais secretários, e um vereador de um partido importante negociando isso. Eu não posso acreditar que nem a Câmara, nem a ex-prefeita deixem de tomar providências em relação ao seu principal secretário, que estava negociando um pagamento. E será que foi o vereador que tomou a iniciativa? Ou será que foi o negociador da prefeita? É importante que isso fique esclarecido”, argumentou o prefeito.

Callado citou, mais uma vez, as dificuldades para formar o seu secretariado. “Não consigo secretários porque as pessoas tem medo de ser secretário. Funcionários municipais tem receio de subir para trabalhar no gabinete do atual prefeito com medo de represálias”. Depois, ele voltou a falar de Aldo. “Eu imagino que, se um secretário faz isso (gravações clandestinas), eu tenho o direito de pensar que outros podem fazer a mesma coisa. Como é que eu posso trabalhar com pessoas que escondem gravadores. Desse jeito, Jales está fadada ao fracasso. Nós temos que eliminar essas pessoas das nossas vidas”, concluiu.

Especiato registrou B.O. e pretende processar envolvidos
O ex-vereador e atual presidente do diretório municipal do PT, Luís Especiato, classificou de “total irresponsabilidade do vereador André Macetão e do secretário Aldo”, a gravação e divulgação das conversas obscuras de ambos. “Durante todo o período em que fui vereador, nunca cometi nenhum ato ilícito e nem obtive vantagens pessoais, em momento algum. Presidi a Câmara Municipal nos anos de 2000 e 2010 e tenho muito orgulho de ter feito parte do poder legilativo jalesense”, disse Especiato.

“Nunca manipulei qualquer tipo de sorteio, aliás, nunca realizei nenhum sorteio em todos os anos no poder legislativo, não fui a nenhuma sessão do processo de cassação e sei que o sorteio foi realizado ao vivo por ex-vereadores do poder legislativo, e está registrado em filmagens no arquivo daquela casa. Portanto é mentira o que esse cidadão fala na gravação”, continuou Especiato.

“Gostaria de informar que registrei um boletim de ocorrência na Polícia Civil de Jales com o intuito de apurar os fatos e penalizar os responsáveis. Também encaminharei um documento de solicitação de providências à Câmara Municipal e ao Conselho de Ética da mesma. Aproveito para agradecer as manifestações de apoio, pois quem me conhece sabe que jamais me envolveria em falcatruas, ou esqueminhas, como afirmou o vereador André”, concluiu o petista.

Macetão fala em renunciar
Um dos personagens centrais do escândalo político que ocupou as páginas de um órgão de imprensa regional, na quarta-feira, o vereador André Macetão (PSD), ex-presidente da Comissão Processante que originou a cassação da prefeita Nice Mistilides, vive o seu inferno astral. Na mesma quarta-feira em que o assunto eclodiu, a reportagem de A Tribuna foi encontrar o vereador em seu gabinete, na Câmara.

Macetão estava sozinho, completamente abatido, e para disfarçar um pouco a preocupação, mantinha o gabinete quase no escuro, com todas as lâmpadas apagadas. O vereador conversou longamente com a reportagem, revelou seu arrependimento, deu algumas versões para os fatos, mas pediu que não fossem publicadas. Ele alega que as gravações são fruto de montagens, mas não dá detalhes. “Meu advogado me orientou a ficar calado”, justificou o vereador.

Naquele mesmo momento, os demais vereadores, exceto Sérgio Nishimoto, estavam reunidos em outra sala, para discutir as providências que tomariam. Olhar perdido, o vereador inverteu os papéis e perguntou ao repórter: “O que você acha que eles farão?”. Eu respondo que os vereadores vão querer cassá-lo, e ele revela: “Eu não quero passar a vergonha de uma cassação. Se for o caso, eu renuncio, mas antes preciso falar com minha família”.

O vereador emitiu uma nota de esclarecimento que pode ser lida em uma das páginas desta edição.

Empresa de vereador explica reforma de telhado da Câmara
Esta não é a primeira vez que a empresa Rivail Estruturas Metálicas - que tem o vereador Rivail Rodrigues Júnior (PSB) entre seus sócios - se vê obrigada a explicar sua participação na reforma da cobertura metálica da Câmara Municipal, em 2011.

Em novembro do ano passado, quando o assunto veio à tona por conta de uma sindicância aberta pelo então presidente da Câmara, Gilberto Alexandre de Moraes, a empresa deu suas primeiras explicações. Dessa vez, a empresa emitiu uma Nota de Esclarecimento a respeito do tema levantado pelas gravações do secretário Aldo.

Eis a nota:
Nota de esclarecimento
A empresa Rivail Estruturas Metálicas, inscrita no CNPJ nº 07.085.619/0001-95, estabelecida na Avenida Industrial nº 1686, Distrito Industrial I, na cidade de Jales, estado de São Paulo, representada por seu sócio diretor Flaviane Rodrigues, portadora da cédula de identidade nº 45.665.558-x, após tomar conhecimento através da imprensa local e regional de conteúdo de gravações de conversas entre os senhores André Ricardo Viotto e Aldo José de Sá, esclarece o seguinte;

1) Que no ano de 2011, especificamente no mês de outubro, a empresa Rivail Estruturas Metálicas prestou serviços para a empresa vencedora do certame para a troca de telhas da cobertura metálica do plenário da Câmara Municipal de Jales.
2) Que a contratação foi exclusivamente para execução dos serviços de retirada de telhado antigo e instalação de telhas novas.

3) Que a aquisição das telhas novas, instaladas na cobertura do plenário da Câmara Municipal de Jales foi de responsabilidade da empresa vencedora do certame.

4) Que a empresa Rivail Estruturas Metálicas não participou de licitação pública oferecida pela Câmara Municipal de Jales para troca de telhado ou similar, e sim, foi contratada pela empresa vencedora do certame.

Finalmente, a direção da empresa Rivail Estruturas Metálicas, através de sua assessoria jurídica, tomará as medidas cabíveis relacionadas ao caso.
Flaviane Rodrigues

Macetão sugere que prefeita poderia ganhar mais com o lixo
O final de uma das gravações feitas pelo ex-secretário Aldo foi reservado para críticas do vereador Macetão à empresa Proposta Ambiental Ltda, responsável pela coleta do lixo. Alguns trechos das conversas são ininteligíveis, mas, em outros trechos, Macetão parece insinuar que a prefeita Nice Mistilides poderia ganhar mais, caso concordasse em entregar a coleta do lixo para outra empresa, a Monte Azul.

“Essa Proposta aí é morta de fome. A prefeita tem a percentagem dela, então o que acontece: os caras querem ganhar mais do que ela. Vamos dizer que é 30%, os caras querem 30% também, fora o lucro normal da firma. O que acontece: merda! Só dá merda! Ainda falei pro Gilmar: Gilmar, você mexe com porcaria. Esse Carlão de São Carlos é porcaria!”.

Aldo parece ter ficado interessado no assunto e pergunta sobre percentuais, mas a qualidade da gravação não permite ouvir a resposta por inteiro, mas são mencionadas percentagens como 10% e 20%. (V.J.C)



Jornal A Tribuna
MAIS LIDAS
É vedada a transcrição de qualquer material parcial ou integral sem autorização prévia da direção
Entre em contato com a gente: (17) 99715-7260 | sugestões de reportagem e departamento comercial: regiaonoroeste@hotmail.com